Na manhã desta segunda-feira, dia 27 de março, Volta Redonda foi surpreendida com a informação de mais um acidente fatal na CSN. A vítima desta vez foi José Mauro do Nascimento, 56 anos, que sofreu uma colisão com uma retroescavadeira, enquanto conduzia uma locomotiva.
O trabalhador chegou a ser levado ao hospital Santa Cecília, mas não resistiu a gravidade dos ferimentos e teve sua vida ceifada pelo sistema de segurança da empresa, que vem cada vez se mais mostrando falho.
O Presidente do Sindicato Edimar Miguel vai procurar a família desse trabalhador e colocou o sindicato à disposição, oferecendo todo apoio e ajuda necessária.
O Sindicato estará encaminhando ofício à direção da CSN e à CIPA da empresa pedindo todas as informações e providencias referente ao grave acidente, bem como, estará enviando ofícios ao MPT, MPF e a DTR, requerendo a instauração de procedimentos administrativos, visando apurar este grave acidente. Também vai solicitar à Gerência Regional do Trabalho e Emprego sobre as medidas que vêm sendo adotadas em decorrência do acidente.
Também vai pedir que seja instaurado um inquérito civil público para acompanhar a fiscalização do Ministério do Trabalho sobre todos os acidentes ocorridos na CSN. Da mesma forma, o presidente Edimar Miguel e os três diretores do Sindicato, eleitos para a CIPA, também estarão fazendo a mesma coisa.
Sabe-se que não é de hoje que os acidentes vêm ocorrendo no interior da CSN devido à falta de um programa de “Acidente zero”, na CSN, como havia na época da empresa estatal.
Quem não se lembra do trágico acidente que vitimou a colega Paula Valéria, atropelada por uma empilhadeira no setor de embalagens da Usina Presidente Vargas? Assim como, no dia 25 de outubro de 2016, quando um funcionário da CSN prendeu o dedo em uma máquina de solda na linha de produção de bobinas. E também, no dia 21 de outubro de 2016, um metalúrgico ficou ferido após um curto-circuito em um painel na CSN.
E mais: no dia 31 de agosto de 2016, quatro trabalhadores sofreram uma intoxicação após um vazamento de gás no setor de aciaria, no momento do acidente. Eles eram funcionários da empresa terceirizada RIP Serviços Industriais. Em julho de 2016, um funcionário sofreu um acidente enquanto trabalhava no setor de transportes sofrendo uma contusão na região lombar enquanto engatava um vagão, no dia 2 de julho. Em março de 2016, um incêndio no setor de zincagem deixou quatro funcionários mortos. E, no dia 22 de janeiro de 2016, um funcionário da RIP sofreu queimaduras no setor de coqueria.
Importante frisar que são tão somente acidentes ocorridos em 2015 e 2016.
Na época da CSN estatal, no final dos anos 80, foi implantado pela direção da CSN, a pedido dos membros da CIPA e do Sindicato dos Metalúrgicos, o Programa de Acidente Zero – PAZ em toda a Usina Siderúrgica Nacional, em função dos inúmeros acidentes que estavam ocorrendo naquela época.
O então Presidente da CSN Juvenal Osório, diante da pressão sofrida convocou uma reunião no Escritório central com toda a Direção da empresa, com todos os superintendentes, com todas as chefias de divisões, com a GSM, e principalmente, convidou a CIPA para participar.
Dessa reunião saiu o Programa de Acidente Zero – PAZ, onde todos passaram a ser responsáveis pela implantação do PAZ.
Dentro do PAZ foi dado aos membros da CIPA autonomia e liberdade para atuarem livremente no combate as condições e atos inseguros no interior da UPV, inclusive, com autoridade para paralisar qualquer serviço que estivesse colocando a integridade dos trabalhadores em risco.
Os membros da CIPA se reuniam quinzenalmente com os seus respectivos superintendentes para definirem e avaliarem as condições de trabalho dessuas respectivas áreas.
Havia as REMPAS – Reunião Mensal de Prevenção de Acidentes, em todas as unidades da USINA. E cada reunião contava com a presença de um diretor da CSN para tomar ciência dos problemas de cada unidades e receber sugestões de para solucioná-los, com prazos e responsáveis pela execução de cada item levantados na reunião.
Com Programa de Acidente Zero – PAZ, os acidentes no interior da CSN foram reduzidos a zero, e a Usina, durante o seu período de estatal, ficou durante um bom tempo sem a ocorrência de novos acidentes. Infelizmente, com a privatização, os acidentes voltaram a ocorrer na UPV já que o Programa de Acidente Zero – Paz foi deixado de lado.
O presidente Edimar reafirma o seu compromisso: “Vamos lutar e tomar todas as medidas legais cabíveis para resgatar o Programa de Acidente Zero – PAZ no interior da CSN, e acabar com essa política de omissão da direção da empresa, que só visa em primeiro lugar o lucro em detrimento da segurança dos trabalhadores