80 Anos de Luta e História: A Jornada do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense

Em 2025, o Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense completa 80 anos de uma história forjada com coragem, suor e resistência. Uma trajetória que se entrelaça com a construção da própria identidade de Volta Redonda e da luta operária no Brasil.

O início dessa caminhada remonta a 1942, quando ainda sob o nome de Associação Profissional dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas de Barra Mansa, os primeiros passos foram dados rumo à organização da classe trabalhadora. Era um período de transformação no país, com a política de industrialização do governo Vargas e o surgimento das grandes fábricas. A implantação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) em Volta Redonda, ainda distrito de Barra Mansa, anunciava uma nova era para a região — e exigia uma estrutura sindical à altura dos desafios que se aproximavam.

Em 19 de maio de 1945, a entidade foi oficialmente reconhecida como sindicato e, em 1947, acompanhando o crescimento da cidade operária, transferiu sua sede para Volta Redonda, consolidando-se como um dos principais instrumentos de organização e defesa dos trabalhadores do setor metalúrgico. Nas décadas seguintes, o Sindicato esteve na linha de frente da defesa dos direitos trabalhistas, enfrentando governos autoritários, combatendo injustiças nas fábricas e ajudando a construir uma consciência coletiva entre os operários.

Um dos momentos mais marcantes da sua história ocorreu em novembro de 1988, quando liderou a greve dos trabalhadores da CSN, exigindo melhores condições de trabalho, reajuste salarial e respeito. A paralisação durou 17 dias, mas no dia 9 de novembro, o Exército invadiu a usina, resultando na morte de três operários: William Fernandes Leite (22 anos), Valmir Freitas Monteiro (27 anos) e Carlos Augusto Barroso (19 anos). O episódio que ficou conhecido internacionalmente e revelou ao mundo a força e a coragem dos metalúrgicos de Volta Redonda diante da repressão. O ato ficou tão marcado que levou à criação do Memorial 9 de Novembro, projetado por Oscar Niemeyer, como símbolo da resistência.

Mesmo com a dor da perda, o Sindicato não recuou. Pelo contrário, fortaleceu-se. Em 1993, quando a CSN foi privatizada durante a onda neoliberal que varreu o país, o Sindicato foi voz ativa em defesa dos trabalhadores, denunciando os impactos sociais da entrega do patrimônio público e exigindo garantias e direitos para os empregados.

Ao longo de sua trajetória, o Sindicato expandiu sua base de representação, assumindo uma nova identidade como Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense. Hoje, representa não apenas os trabalhadores de Volta Redonda, mas também os de Barra Mansa, Resende, Itatiaia, Quatis, Porto Real e Pinheiral, atuando em uma região estratégica para a indústria nacional.

Mais do que uma entidade sindical, o Sindicato tornou-se um símbolo de resistência, cidadania e transformação social. Oferece apoio jurídico, realiza ações sociais e educativas, participa ativamente de debates sobre políticas públicas e se mantém firme como guardião dos direitos da classe trabalhadora.

Ao celebrar 80 anos de existência, o Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense homenageia todos que, ao longo dessas décadas, deram sua voz, seu tempo e, em alguns casos, suas vidas pela dignidade no trabalho. E renova seu compromisso com as futuras gerações, sabendo que a luta continua — e que só com união, organização e coragem é possível construir um futuro mais justo e igualitário para todos.

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